Entre silêncios e intuições: A Maternidade com um filho único
- Daniela Santos
- 29 de mai.
- 2 min de leitura
Reflexões sobre a singularidade materna a partir da experiência de um filho só.

Pedagoga e educadora parental, Daniela Santos explora a singularidade da maternidade de um filho único, destacando os desafios de como equilibrar atenção sem sufocar e lidar com a ausência de irmãos.
Ela reflete sobre os benefícios e desafios da falta de comparações entre irmãos e a importância da escola na socialização. No final, aponta que cada experiência maternal é única, enfatizando a escuta e o olhar atento sobre a criança.
A percepção comum
Muitas vezes ouvimos que o maior desafio da maternidade está na quantidade de filhos, como se a complexidade aumentasse proporcionalmente ao número de crianças sob nossos cuidados.
Desafios únicos de criar um filho só
E embora isso faça sentido em alguns aspectos, quero compartilhar outra perspectiva: a da mãe de um filho só. Já escutei inúmeras vezes a frase: Para você é fácil, você só tem uma. Mas, se você é mãe de filho único como eu, sabe que não é bem assim.
A maternidade é uma montanha-russa emocional, cheia de altos e baixos, dúvidas, culpas e aprendizados independentemente do número de filhos.
Equilibrar atenção e espaço
Quando se tem apenas um, as preocupações muitas vezes assumem outras formas. Ao invés de pensar em como dividir o tempo, pensamos em como não sufocar.
Nos perguntamos se estamos sendo suficientes, se estamos oferecendo experiências variadas e ricas o bastante. E, confesso, às vezes metemos os pés pelas mãos tentando suprir a ausência de um irmão ou irmã.
Ausência de experiências comuns
Cresci tendo irmãos e sei bem das experiências que minha filha talvez não vá viver: a espera da vez, o inevitável exercício de compartilhar, o desafio de dividir atenções e espaços. Às vezes, isso me angustia. Parece que, com um só filho, ensinar certas coisas da vida cotidiana torna-se mais desafiador.
Vantagens de não ter comparações constantes
Por outro lado, também não preciso lidar com comparações constantes, o que é um grande alívio. Não há competições, disputas ou a difícil tarefa de garantir igualdade entre irmãos. Em compensação, um vínculo intenso, profundo e, muitas vezes, silenciosamente exigente.
Conversas difíceis
Minha filha, a Bela, volta e meia menciona que gostaria de ter um irmão ou irmã. E essas são, talvez, as conversas mais difíceis de lidar. Porque nem sempre é uma escolha. No meu caso, não era a intenção no início, mas as circunstâncias da vida me conduziram a esse caminho que hoje, sim, é minha escolha e certeza.
Importância da escola na socialização
Nessa jornada, percebo o quanto a escola se torna uma aliada fundamental. É lá que Bela aprende a dividir, a negociar, a esperar, a conviver. A escola cumpre um papel essencial na socialização, nos ensinando a nós, mães e filhos, que os vínculos não se restringem ao sangue, e que a convivência em grupo é um aprendizado valioso.

Conclusão
No fim das contas, a maternidade nunca é mais ou menos fácil. É sempre única, porque cada filho é único. A verdadeira diferença não está no número de filhos, mas no olhar que lançamos sobre eles e na escuta que oferecemos.
Para minha filha, serei sempre uma mãe única e isso, por si só, já carrega toda a grandeza e o desafio da maternidade.

Daniela Santos é Pedagoga e Educadora Parental
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